quinta-feira, 12 de novembro de 2009

A República Presidencial - 1925 / 1938

Marcha em apoio à República Socialista em frente ao Palácio de La Moneda - 4-junho-1932

A República Presidencial

O movimento da oficialidade pelas reformas sociais e pela volta do presidencialismo faz emergir na figura do Militar Carlos Ibáñez del Campo, Ministro da Guerra, um novo homem forte da política Chilena.

Fortunato Alessandri trabalha nos bastidores para o lançamento de candidatura único à presidência, a sua. Mas Carlos Ibáñez desejava o posto de mandatário da república e costura o lançamento de um manifesto assinado por vários políticos apoiando sua candidatura como candidato oficial gerando a renúncia de todos os outros ministros de Alessandri.

A manobra que objetivava pôr fim à pretensão de Ibáñez sai pela culatra, pois este aproveita a situação e redige uma carta aberta ao presidente recomendando que este passasse a emitir decretos desde que com sua assinatura, uma vez que ele era agora o único ministro do gabinete. O Cheque mate não deixa outra saída a Alessandri senão a renúncia e, em 2 de outubro de 1925 nomeia Luiz Barros Borgoño como ministro do interior e deixa a presidência. Os partidos então, como medida de consenso, substituem Borgoño por Emiliano Figueroa que assume a presidência com a missão de solucionar a crise política, mas este não consegue vencer a queda de braço com o Ibáñez e renuncia em abril de 1927. Com a vacância do cargo Ibáñez finalmente consegue seu intento de assumir a presidência do Chile.

Com ampla base popular seu governo consegue inúmeras realizações de vulto como a criação da Controladoria Geral da República, a Força Aérea do Chile, a Companhia Aérea Nacional e o corpo de Carabineiros do Chile. Todavia, devido à sua postura autoritária e centralizadora vai perdendo o apoio popular e dos partidos. Devido às perseguições políticas Alessandri e parte significativa dos políticos da oposição vão para o exílio; a imprensa é censurada e os membros do Congresso passam a serem indicados por Ibáñez.

No plano econômico os reflexos da Grande Depressão de 1929 são sentidos com a drástica diminuição da exportação do salitre, causando o colapso da mineração e das contas públicas devido a empréstimos contraídos pelo governo junto aos Estados Unidos. Os movimentos comunista e anarquista ganhavam força Em 1931 Ibáñez apresenta sua renúncia assumindo em seu lugar o presidente do Senado, Juan Esteban Montero. São convocadas novas eleições na qual se enfrentam Alessandri, que volta do exílio, e Montero, que vence o pleito e, ao assumir, enfrenta diversas tentativas de golpe de estado até que, em 4 de junho de 1932, é deposto por um golpe liderado por Marmaduke Grove, Carlos Dávila e Eugenio Matte que fundam a República Socialista do Chile.

É instalada uma junta de governo presidida pelo general Arturo Puga e composta por Carlos Dávila e Eugenio Matte. Dois dias depois de instalada a República Socialista o Congresso é dissolvido e os prisioneiros políticos do governo anterior são libertados e anistiados. O Partido Comunista do Chile não apóia o golpe e passa a denunciar a suposta tentativa de implantação de uma ditadura nos moldes do Nacional Socialismo. Carlos Dàvila, agora na presidência, passa a ser atacado pela oposição e pelos meios de comunicação e, na noite de 16 de junho de 1932, após uma grande concentração de trabalhadores no Palácio de La Moneda em apoio ao governo, um grupo de oficiais rebela-se e prendem Marmaduque Grove, Secretário da Defesa e Eugenio Matte. Carlos Dàvila proclama-se presidente provisório da Republica Socialista, mas em seguida vê-se obrigado a renunciar devido à falta de apoio popular e dos partidos. Em setembro a República Socialista é dissolvida e são marcadas eleições para Outubro, e Alessandri é novamente eleito presidente.

Em seu segundo mandato Alessandri trabalha pela recuperação econômica e institucional do país conseguindo afastar os militares da política. O cenário político era formado pela coalizão dos partidos Conservador e Liberal, pelo Partido Radical, em franco crescimento, o Partido Socialista, o Partido Comunista e o Partido Nacional Socialista, de inspiração nazi-fascista.

Alessandri inicia o governo compondo um gabinete pluralista, mas logo os Radicais vão se aproximando dos partidos de esquerda e deixam o governo em 1934. Embora consiga aos poucos recuperar a economia a partir da substituição da mineração do salitre pelo cobre e a retomada da produção agrícola a divisão política entre esquerda, direita e radicais produz novos conflitos. As tensões aumentam no campo e nas cidades e, em junho de 1934, explode na província de Malleco uma rebelião de camponeses e índios Mapuches contra os abusos da classe patronal. O governo envia carabineiros para sufocar a revolta com a ordem de não deixar sobreviventes e na ação foram mortos mais de 200 revoltosos. O episódio ficou conhecido como “Massacre de Ranquil”. As tensões aumentam no campo; nas cidades a classe operária, organizada na Confederação de Trabalhadores do Chile combate o governo com greves e manifestações. Em fevereiro de 1936 Alessandri fecha o Congresso e decreta estado de sítio.

Avizinhando-se as eleições os radicais aproximam-se dos socialistas e comunistas formando a Frente Popular lançando como candidato Pedro Aguirre Cerda. A Coalizão dos Conservadores e Liberais lança Gustavo Ross. Já a Aliança Popular Libertadora e o Partido Nacional Socialista lançam a candidatura de Ibáñez. Ross larga como o candidato favorito, mas um acontecimento de última hora mudará o destino do pleito.

Membros da juventude nazista invadem a Casa Central da Universidade do Chile em setembro de 1938 sendo desalojados pela artilharia que prendeu os 71 manifestantes.

Transferidos para o Edifício do Seguro Operário, em frente ao La Moneda, foram sumariamente fuzilados. Após os acontecimentos Ibáñez abre mão da candidatura e dá apoio a Cerda que vence o pleito de outubro com estreita margem de votos. O mandato de Cerda abre o período da história do Chile conhecida como a dos Governos Radicais.

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