domingo, 29 de novembro de 2009

O Governo de Ricardo Lagos (2000-2006)

Lagos com a faixa presidencial; ao fundo o presidente Lula

As manifestações em apoio ao ex-ditador Pinochet, preso em Londres, organizadas pelos partidos de direita fez emergir afigura do prefeito da comuna de Las Condes, Joaquín Lavín, como alternativa à candidatura do socialista Ricardo Lagos, um dos principais líderes da Concertacion na época do plebiscito. Lagos era Ministro de Obras Públicas do governo Frei e, nas eleições anteriores, já havia apresentado seu nome como pré-candidato à Presidência sem sucesso.

No primeiro turno das eleições presidenciais de 12 de dezembro de 1999, parcela significativa do eleitorado chileno, temeroso em ver se repetir a experiência do governo socialista de Allende, opta por descarregar votos em Lavín. Já outra parcela significativa do eleitorado temerosa em assistir a vitória da direita abandona a candidatura do democrata cristão Andrés Zaldivar e descarrega votos em Lagos que termina o primeiro turno na frente com margem estreita de cerca de 30 mil votos.

Em 16 de janeiro de 2000, Lagos é eleito com 51,3% dos votos graças à estratégia de reconquistar eleitores de centro, perdidos no primeiro turno para Lavín, organizada pela nova coordenadora de campanha e ex-ministra da Justiça de Frei, Soledad Alvear.

Ao assumir o governo em 11 de março de 2000, Lagos terá como desafio dar solução às altas taxas de desemprego, a recessão econômica por que passava o país e a crise no sistema de saúde. Buscando enfrentar a crise, sem sucesso, o governo adentra o ano de 2001 sob intensa pressão das oposições e dos meios de comunicação que denunciam o envolvimento de funcionários do Ministério de Obras Públicas em atos de corrupção.

O desgaste da Concertacion se torna patente com o resultado das eleições parlamentares realizadas no final de 2001, na qual a Aliança pelo Chile consegue agora conquistar grande número de cadeiras, produzindo um equilíbrio de forças no Congresso. Em meados de 2003 a economia chilena dá sinais de recuperação atingindo um crescimento do PIB da ordem de 4%, fruto da conclusão dos acordos comerciais firmado com a União Européia, Estados Unidos e Coréia do Sul, capitaneados pela ministra Soledad Alvear, incrementando novamente as exportações.

O ingresso do Chile no Conselho de Segurança das Nações Unidas à época em que o governo Bush manifestava a intenção de invadir militarmente o Irã causa o incidente das escutas telefônicas de funcionários do governo Lagos pela CIA que pressionava para que o Chile votasse favoravelmente à ação militar. O governo Lagos, em sintonia com a opinião pública chilena posiciona-se no Conselho contra a aventura militar americana.

No ano de 2004 a Bolívia volta a pressionar o Chile, por meio do então presidente Carlos Mesa, que exigia a devolução dos territórios anexados no final do século XIX e que possibilitaria ao país uma saída para o mar. A firmeza de posições de Lagos na defesa dos interesses nacionais e a recuperação econômica repercutem positivamente junto à opinião pública e a aprovação de seu governo volta a crescer atingindo índices em torno de 65%. Contribuem para a popularidade do governo a ação de duas ministras de Lagos, Soledad Alvear, Ministra das Relações Exteriores e Michelle Bachelet que num primeiro momento assume a pasta da Saúde, mas a seguir passa para o Ministério da Defesa Nacional, e sua atuação no ministério garantirá sua indicação como candidata oficial nas eleições presidenciais.

Ao mesmo tempo em que o governo Lagos desfruta de bons índices de aceitação a direita, cerrando fileiras na Aliança pelo Chile sofre pesado desgaste devido ao escândalo da descoberta de uma rede de pedofilia no Chile, conhecido como Caso Spiniak em que políticos da direita estavam envolvidos. O resultado das eleições municipais de 2004 reflete o quadro e a Concertacion obtém uma margem de 10% de vantagem sobre a Aliança pelo Chile na eleição dos Conselheiros.

Com a popularidade em alta, tanto Bachelet como Alvear venceriam Lavin facilmente, o que faz surgir o nome de Sebastián Piñera como candidato pela Renovação Nacional. A mudança no cenário eleitoral faz a candidatura Bachelet, franca favorita à vitória em primeiro turno perder terreno e, aos poucos, a soma dos votos de Lavin e Piñera ultrapassa os da candidata da Concertacion. Ao final do primeiro turno Bachelet obtém 45,95% contra 25,41% de Piñera, 23,22% de Lavín e 5,4% conseguidos pelo candidato da esquerda radical, Tomás Hirsch. No segundo turno Bachelet enfrenta Piñera, em 15 de janeiro de 2006 e consegue a vitória com 53,49% dos votos.

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