domingo, 29 de novembro de 2009

O Governo de Michelle Bachelet

Bachelet em vista a Casa Branca


Michelle Bachelet, médica pediatra e epidemiologista, assumiu a presidência do Chile no dia 11 de março de 2006, convertendo-se na primeira mulher a assumir a presidência do país. Segundo informações da France Press, repercutidas pelo jornal A Folha de São Paulo, no dia de sua posse, acompanhada pela mãe e seus três filhos, Michelle teve seu primeiro contato direto com os cidadãos da capital Santiago em um emotivo discurso no Palácio de La Moneda, onde recordou seu pai e vários ex-presidentes, desde o conservador Jorge Alessandri ao socialista Salvador Allende, omitindo Pinochet e arrancando acalorados aplausos.

Filha do militar constitucionalista, Alberto Bachelet, preso em 73 e torturado, veio a falecer na prisão em 1974, a exatos 32 anos de sua posse, segundo as autoridades de ataque cardíaco. Bachelet recordou passagens do golpe militar quando também foi presa com sua mãe, a arqueóloga Ángela Jeria, pela DINA, polícia secreta da ditadura, em 1975, torturadas e forçadas a partir para o exílio. Ainda segundo a reportagem, os maiores aplausos foram para Salvador Allende, que se suicidou no La Moneda durante o golpe de 1973 e para Lagos, que deixava o governo com índices de popularidade na casa dos 61%, índices até então sem precedentes para um governante chileno em final de mandato só superado pela sua sucessora.

Ao assumir o governo montou um gabinete de 20 ministros repartindo cargos entre homens e mulheres igualmente, fato nunca ousado em nenhum governo. Seus primeiros meses de mandato são tumultuados, pois teve de enfrentar enormes manifestações estudantis em todo o país por uma reforma educacional e, logo a seguir modificações desastrosas iniciadas no governo Lagos no setor de transportes trouxe caos e descontentamento aos usuários do transporte público, a ponto dela ser retratada em charges pelos órgãos de comunicação impressa como um ônibus indo em direção a um penhasco.

Hoje, restando pouco mais de quatro meses para concluir seu mandato Bachelet ostenta índices de aprovação superior a 76% segundo apurado pelo instituto Adimark Gfk em setembro, graças a seu ousado programa de proteção social voltado às mulheres e crianças, á reforma previdenciária e aos bons frutos de sua política econômica que, apesar da crise econômica mundial coloca o Chile, ao lado do Brasil, em uma posição privilegiada, com a perspectiva de crescimento do PIB chileno da ordem de 5%. Em meio à crise o governo Bachelet criou um programa de ajuda em dinheiro no valor de 60 dólares para mais de dois milhões de chilenos em situação vulnerabilidade econômica. Para se ter uma idéia da abrangência deste programa convém ressaltar que o Chile tem hoje população total de cerca de 15 milhões de habitantes.

Como no Chile não há reeleição imediata concorrem este ano quatro candidatos; o engenheiro democrata cristão, Eduardo Frei Tagle pela Coligação Para a Democracia ou Concertacion, composta por democratas cristãos, sociais-democratas, radicais e socialistas; o economista e empresário Sebastián Piñera, pela Coligação Aliança pelo Chile, de centro-direita composta por conservadores e liberais; o filósofo e cineasta Marco Ominami pela Coligação Nova Maioria para o Chile, composta por ecologistas e humanistas, e Jorge Arrate pela Coligação Juntos Podemos Mais composta por comunistas e outras forças de esquerda.

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