quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Formação da Nação Chilena. Das Origens à Independência





La cruz,
la espada,
el hambre
iban diezmando
la familia salvaje.
Terror,
terror de un golpe
de herraduras,
latido de una hoja,
viento,
dolor
y lluvia.


Trecho do poema “ODA A LA ARAUCARIA ARAUCANA”
Pablo Neruda (1904 – 1973)

Das origens à invasão espanhola

A descoberta do Estreito que liga o Oceano Pacífico ao Atlântico pelo navegador português Fernão de Magalhães, em 1 de novembro de 1519, é considerada pela historiografia chilena como a data de sua descoberta.
Antes da chegada dos conquistadores espanhóis a região que hoje forma o território do Chile era habitada por diversas tribos indígenas que ali se fixaram a partir da chegada dos primeiros povoadores vindos pelo Estreito de Bhering, por volta de 10.500A.C.

A da cordilheira dos Andes e o deserto de Atacama formaram barreiras naturais que dificultaram a conquista e a colonização espanhola. Além disso, os espanhóis encontraram forte resistência por parte dos Mapuches, tribo que habitava a região na época da invasão espanhola.

A violência e crueldade dos conquistadores espanhóis foram fartamente relatadas por cronistas na época e pela historiografia. Nas guerras da conquista do Chile tiveram papel de destaque Diego de Almagro (1535) e Pedro de Valdivia (1540) que perde a vida em combate contra os Mapuches. O heroísmo e tenacidade dos Mapuches em resistir aos invasores foram cantados em versos pelo poeta e soldado espanhol Alonso de Ercilla y Zúniga no poema épico “La Araucana”. Outra obra que relata os paços da conquista espanhola no Chile é a do Capitão Alonso de Góngora Marmolejo , que serviu ao lado de Valdivia até a data de sua morte, relatada em detalhes por ele em carta supostamente dirigida ao Marques de Cañales, Vice-Rei do Perú (MARMOLEJO, P. 414).

Uma das revoltas Mapuches quase pôs fim à tentativa de colonização do Chile, em 1598, ficando conhecida como o Desastre de Curalaba, quando as cidades ao sul do Rio Biobío foram arrasadas.

A época Colonial

Após a chamada Guerra do Arauco, entre as forças militares espanholas e os Araucanos estabeleceu-se uma fronteira tácita entre a colonização espanhola e as terras sob domínio Mapuche, situação que perdurará por mais de dois séculos. A Capitania Geral do Chile tinha como capital a cidade de Santiago e era gerida por um governador e capitão geral, assessorado pela Real Audiência, presidida pela figura do governador.

A Real Audiência era um órgão de consulta do governador e tinha ainda a função de Tribunal de apelação do reino. Embora a capitania dependesse do vice-reinado no que se refere a recursos militares e comerciais, não havia uma subordinação real entre o governador e o vice-rei. A administração da justiça da capitania era autônoma a exceção das questões religiosas administradas pelo Tribunal da Inquisição e das questões comerciais que possuíam uma sede em Lima, no Peru.

A presença da cordilheira dos Andes, do deserto de Atacama e o parco desenvolvimento das populações pré-colombianas ali assentadas, aliado aos constantes terremotos fizeram do Chile a região mais pobre do Império espanhol na América. A principal atividade econômica era no início da colonização (sec. XVII) o comércio de derivados animais como o sebo, o couro e o charque que eram feitos com o Peru. Já no século XVIII o Chile torna-se produtor e exportador de trigo para o vice-reinado e para o Peru, dando origem à formação de uma estrutura social agrária. Outra atividade econômica desenvolvida no século XVIII foi a mineração do ouro, da prata e do cobre. O sistema de monopólio por si não era suficiente para coibir o contrabando em franca ascensão no século XVIII, realizados por navios ingleses, franceses e dos Estados Unidos.

A Independência do Chile

A chegada da notícia das invasões napoleônicas na península Ibérica, em 1808, e o encarceramento do Rei Fernando VII da Espanha arrefece os ânimos nas colônias da América. O Rei da Espanha não teve a mesma sorte de D. João, Rei de Portugal que teve tempo de fugir às pressas para o Brasil.

A notícia faz germinar entre os criollos, filhos da aristocracia espanhola nascidos na América, o movimento pela constituição de uma junta de notáveis que substituísse o governo espanhol enquanto durasse o cativeiro do Rei, o que foi instituído em setembro de 1810, tendo à frente Mateo de Toro Y Zambrano. È formado o primeiro Congresso Nacional onde os moderados, que defendiam maior autonomia sem chegar à completa separação do Império espanhol eram maioria em relação aos exaltados, que defendiam independência absoluta imediata. A cada melhoria implementada, sobretudo a partir da adoção dos primeiros textos constitucionais, em 1811, ia crescendo entre os criollos o desejo de independência. É nesse período que é criada a Biblioteca Nacional e o primeiro jornal chileno, a Aurora de Chile.

Os ânimos se exaltam e estoura a guerra de independência e, em outubro de 1814 as tropas fieis à Coroa vencem os revoltosos na Batalha de Rancagua dando início ao período conhecido como da Reconquista Espanhola restaurando-se as instituições coloniais. Os líderes do movimento pela independência refugiam-se em Mendonza, na Argentina formando ali o Exército dos Andes com o objetivo de retomar a luta. Sob o comando do general argentino José de San Martín ladeado por Bernardo O’Higgins, líder das milícias chilenas o Exército dos Andes atravessa a Cordilheira e vence as tropas reais na batalha de Chacabuco, em fevereiro de 1817 dando início ao período conhecido como Pátria Nova. Bernardo O’Higgins é nomeado diretor supremo e, no primeiro aniversário da Batalha de Chacabuco, em 12de fevereiro de 1818 declara formalmente a independência do Chile.

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