Ontem
estive mais uma vez na manifestação, que desta vez fez concentração na Praça da
Sé. Embora o eixo declarado do movimento seja pela revogação do aumento da
passagem de ônibus, o que se vê lá é uma salada de reivindicações e de palavras
de ordem que vão desde o cidadão entubado carregando em uma mão uma bolsa de
urina e na outra um cartaz pedindo CIRURGIA JÁ, até membros do ministério
público (o Fórum João Mendes é ao lado) carregando cartazes com montagens
escrotas atacando a presidente Dilma por ter supostamente “criado” o bolsa
bandido, o bolsa puta e por aí afora.
Seria
muita ingenuidade acreditar que a direita golpista não iria buscar de alguma
forma (de várias na verdade) capitalizar o movimento. Durante mais de 2 anos a
reação procurou fazer decolar um movimento contra o governo federal não obtendo
sucesso. Não conseguiam reunir em suas manifestações mais de uma centena de
gatos pingados. Enquanto isso no eleitorado jovem crescia o descontentamento e
a desilusão apática.
É
a ʥƱɇʥƱɇ do presidencialismo de coalizão e a política de alianças desenhada pelo
PT, meu caro. Hoje você olha e vê o partido de mãos dadas com seus principais
inimigos históricos. Não há quem aguente!!!
Não
víamos grandes manifestações de rua desde o Fora Collor, e não há como negar
que o movimento a que se assiste é fruto de um fenômeno relativamente novo.
Nasceu e tomou vulto a partir das redes sociais engajando uma juventude
descontente e apartada dos canais tradicionais do fazer político (partidos,
sindicatos, associações, agremiações estudantis, etc.). É a tal rede de
indignação e esperança, abordada por Castells. Os partidos políticos (todos) e
as esferas de poder representativo estão há muito apartados do cidadão comum.
Aqui
em Sampa o Haddad perdeu o bonde. Deveria ter imediatamente revisto o aumento.
Eu em seu lugar teria deixado o Alckmin sozinho em Paris e voltado para
negociar com os manifestantes logo de início. Jantava o PSDB.
Mas
não; preferiu posar de durão e fazer coro com a direita truculenta (juntamente
com o Ministro da (in) justiça) que prontamente ofereceu tropas federais para
ajudar o governo estadual. Estão prendendo manifestantes e enquadrando-os por
"formação de quadrilha"!!!
Isso
é criminalizar os movimentos sociais.
Só
há uma coisa que me espanta mais do que o amadorismo do Haddad e sua equipe: o
profissionalismo do Alckmin, que após a repressão violenta da manifestação de
quarta-feira decidiu retirar o policiamento das ruas.
Embora
a imensa maioria dos manifestantes seja pela ação pacífica, uma minoria ontem
atacou a prefeitura, saqueou lojas, queimou o carro da TV Record e vários
ônibus.
Já
tem muita gente na rede pedindo uma ação mais enérgica, ou seja: REPRESSÃO, o
que é lamentável.
Ontem
sete capitais atenderam as reivindicações e abaixaram a tarifa. Aqui em Sampa o
prefeito já fala em rever o valor de 3,20.
Todo
esse desgaste poderia ter sido evitado. É inadmissível que um partido que
nasceu das manifestações populares se porte desta maneira.